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Publicado a:
17/09/2021

Escrita:
CatarinaP

Um prazer que só se descreve experimentando

Como é viajar de moto elétrica?
É um prazer que só se descreve experimentando. Enrolar o punho e sentir o binário instantâneo a qualquer velocidade, sem ruídos estridentes ou nuvens de fumo é uma nova e boa sensação do que se afirma já como o presente e futuro da mobilidade. É um novo mundo de experiências.

 

Porque é que as motos elétricas tem tido um ritmo de evolução mais lento que o mundo automóvel?
Porque as marcas ainda não quiseram massificar esta tecnologia e principalmente porque não existe legislação para essa mudança no mercado das 2 rodas.

As regras do CAFE ainda não se aplicam aos critérios de CO2 emitidos pelas motas, estagnado a aposta na sua evolução tecnológica.

 

Como achas que vai evoluir o mercado das motas elétricas?

À excepção de algumas marcas mais conhecidas, como Zero, Energica, BMW Motorrad, as restantes ainda permanecem nos conceitos tecnológicos, não arriscando ainda a sua comercialização.

Entretanto existem já dezenas de marcas chinesas a avançar pela Europa a um ritmo crescente e cada vez com maior qualidade, dando resposta às necessidades dos trajetos urbanos a um custo cada vez melhor face à oferta de características.

A evolução será maior quando a tecnologia permitir maiores alcances e carregamentos mais rápidos. Ao nível urbano proliferará com as novas zonas de emissões zero, que limita o acesso aos modelos a combustão. Também o aumento das frotas partilhadas de mobilidade mais suave contribui para dar a experimentar o gozo que é andar em modo elétrico.

 

O preço de aquisição de um mota elétrica é tipicamente mais alto, quando comparado com uma moto convencional. Em quanto tempo recuperaste o investimento?
Uma simples conta dos custos totais de utilização entre as motas elétricas e as convencionais destronam logo o mito do custo inicial.

Na minha primeira scooter recuperei o investimento ao fim de 22 meses face aos custos anteriores que tinha nas deslocações casa-trabalho e estacionamento, e sem contar com a tempo de vida útil que ganhei todos os dias fora do trânsito.

Na atual maxi-scooter elétrica, e comparando já com o modelo a combustão equivalente da mesma marca, o retorno foi ao fim de 19 meses (~20.000 km), contabilizando combustíveis/energia, manutenções e impostos em ambos os modelos.

Atualmente conta com 70.000 km feitos em 6 anos de puro prazer elétrico.

 

 

A infraestrutura de carregamento existente dá resposta às motas elétricas?
A rede pública é tecnicamente compatível com qualquer modelo de mota elétrica, usando em último caso um adaptador entre as tomadas. O problema está nos custos de utilização.

Atualmente a maioria dos operadores de postos de carregamento tem tarifas de utilização indexadas em tempo (minutos de utilização do posto) e como as motas usam potências de carregamento (de 1 a 3 kW) mais baixos que os carros, leva a custos exorbitantes de uso dos postos públicos. A infraestrutura não está assim preparada para este tipo de veículos, que maioritariamente carregam nesta fase em tomadas ou carregadores domésticos ou empresariais.

 

Achas que as cidades estão a tomar medidas para incentivar o uso de motas elétricas, reduzindo trânsito e poluição (ambiente e sonora)?
Medida a sério? Ainda não. As frotas de mobilidade suave têm contribuído subliminarmente, mas não existe o incentivo ou a infraestrutura adequada à adoção das motas elétricas.

O que falta? Parqueamento com hubs de carregamento gratuito ou com custos indexados à energia consumida, mais compatíveis com os veículos de 2 rodas.

Também a inexistente fiscalização não ajuda nesse sentido pois o ruído nos dias de hoje é cada vez mais notório e agressivo em ambientes urbanos e as motas a combustão são parte desse desconforto.

 

Algum conselho para quem pondere adquirir uma mota elétrica?

O mais importante e marcante é fazer um test-drive. Também ajuda conhecer experiências reais, pois esclarece os mitos e os estigmas errados que se criam em torno desta temas.

E não venham com a teoria de fazer barulho para se fazer notar uma mota no trânsito, não nos dias de hoje com a insonorização dos carros. É preferível termos um binário imediato que nos tira rapidamente de qualquer situação urgente num simples enrolar de punho.

Depois, mesmo que o veículo não tenha uma autonomia excecional, é preciso sempre equacionar a utilização real que este fará em 99% das deslocações diárias.

Por vezes, 80 a 120 km de alcance com uma carga é mais do que suficiente para um dia de viagens (podendo até fazer-se carregamentos extra no destino) e não é necessário criar o estereótipo da necessidade de ter uma mota que faça 300 a 400 km quando raramente teremos esse tipo de utilização.

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