Luis Pinho, Country Director da Helexia Portugal deu uma entrevista à Revista Sustentável onde falou do negócio da Helexia, do contexto atual do setor da produção energética, das políticas de incentivo Europeias face à dos Estados Unidos, da produção de baterias, do tema do Hidrogénio e da Mobilidade Elétrica.
Acredita que é preciso dar passos maiores e mais rápidos para acelerar a transição, ainda que neste momento o custo possa ser mais elevado. Defende que trabalhar a eficiência energética nas empresas é o grande desafio, mas muito necessário.
Resumindo em que se focou a conversa com a Revista Sustentável, por temas:
O setor da produção energética descentralizada
Luís Pinho referiu que vários fatores estão a influenciar o a cadeia logística do setor da energia: primeiro a pandemia, agora o contexto de guerra, e consequentemente os aumentos do preço do gás.
“Por um lado, esta instabilidade tem um efeito positivo, que é forçar as empresas a olhar para o custo da energia, a forma como a consomem e que tipo de energia consomem… isso tem sido um catalisador para haver mais interesse das empresas em serem mais autónomas e mais eficientes, e esse é o aspeto positivo. Mas o contexto de energia não pode ser olhado apenas no nosso universo, no contexto nacional, porque o efeito de países da Europa, dos Estados Unidos, da Rússia, tem um impacto muito grande para a indústria. É urgente que as empresas façam esta transição, que empresas como a Helexia consigam fazer isto rápido, apesar de todas as dificuldades logísticas deste momento… Mas isso tem um efeito nos preços. Fazer uma instalação fotovoltaica hoje é mais caro do que há dois anos.”
Políticas de incentivo na Europa face às dos Estados Unidos
Luis Pinho aponta que há uma enorme discrepância entre os incentivos europeus e norte americanos e que isso afeta claramente os tempos de reação das empresas aos problemas relacionados com a energia.
“Os Estados Unidos aprovaram o Inflation Reduction Act, que na verdade é um apoio enorme de mais de 300 biliões para ajudar as empresas na transformação energética. E isto está obviamente a desestabilizar o equilíbrio de forças comerciais e a aliciar indústrias europeias a mudarem-se para os Estados Unidos. Portanto, no short run existe uma urgência para que as empresas portuguesas e europeias se tornem mais autossuficientes e eficientes em termos de energia, e em termos de custo de energia, porque a médio prazo nós podemos aumentar o problema industrial que temos na Europa.”
A produção de baterias e o storage
Segundo Luís Pinho, o portfólio de clientes da Helexia injeta na rede cerca de 15% a 20% da energia produzida e aqui reside uma oportunidade. Poder armazernar essa energia para usar depois. Outro cenário que também deverá começar a ser contemplado, são as empresas que produzem mais energia do que que podem usar e podem disponibilizá-la localmente, num mecanismo de autoconsumo coletivo. Para ambos os cenários é importante que a tecnologia acompanhe as necessidades.
“Há tecnologia existente, que tem de ser escalada para baixar preço, mas também há a questão da extração dos minerais, que tem de ser feita em algum sítio e isso tem a ver com a regulação de vários países, com a disponibilidade desses materiais e com a capacidade de produzir baterias e de as reutilizar, porque não podemos só pensar em produzir baterias, temos de pensar em reutilizá-las.”
A produção de Hidrogénio
Relativamente ao hidrogénio, Luís Pinho afirma que o segundo semestre de 2023 vai ser o momento em que a Helexia vai avaliar o tema:
“ (…) para o (hidrogénio) produzir temos de estar perto de zonas onde possamos produzir muita energia, é preciso que ela seja excedente para poder ser usada e precisamos de ter muita disponibilidade de água. Sines é um caso onde isto poderá fazer obviamente sentido, porque existe espaço, água e há capacidade de interligação. Poderá haver outros casos em que existem áreas grandes, e estou a pensar na indústria, onde muitas vezes há muito espaço e não há muito consumo de energia, por exemplo na área logística.
Acho que ainda há muito a ser feito nesta área, confesso que ainda não estamos a olhar para isso com toda a atenção. Em 2023, provavelmente a partir do segundo semestre, vamos olhar para este tema.”
A Mobilidade Elétrica
Luís Pinho refere que a mobilidade eletrica é uma parte do todo. A Helexia ajuda as empresas a fazer a transição como um todo de forma integrada: “(…) nós vemos a mobilidade elétrica como não podendo estar desgarrada da produção de energia. Idealmente temos um cliente onde fazemos auditoria, ajudamo-lo a ser mais eficiente, produzimos energia e temos mobilidade elétrica. Numa lógica integrada.
A mobilidade elétrica na estrada pública não é muito o nosso foco, estamos mais orientados para a indústria, para a área de retalho, em que o carregamento elétrico funciona como um complemento à atividade, como conveniência.”
Para ler a entrevista da integra é por aqui: https://www.revistasustentavel.pt/entrevista/nao-devemos-falar-producao-energia/