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1. Como tem sido a tua carreira profissional?
Não estava predestinado atuar no segmento da transição energética no Brasil.
Comecei a minha carreira em 2005, num banco de investimento em Londres, atuando como analista de fusões e aquisições no setor do retalho. Após 5 anos (passando pela aguda crise financeira de 2008), resolvi ir para o outro lado do mundo corporativo. Atuei como responsável da estratégia e do desenvolvimento de negócios de uma empresa francesa no ramo da energia nuclear, cujo objetivo era diversificar-se através da aquisição de tecnologias renováveis (não se falava tão explicitamente de transição energética naquela época).
Desde então, fiquei apaixonado pelo setor e pelo Brasil, país onde moro e trabalho desde 2011. Primeiro como CFO da Voltalia no Brasil, e depois como Country Diretor da Helexia Brasil – a partir de 2021 – (logo após a aquisição da Helexia pela Voltalia).
2. Quais são os teus principais desafios como Country diretor da Helexia Brasil?
Os desafios não faltam e a vontade de superá-los também não. Tanto da minha parte como da fantástica equipa da Helexia Brasil, que hoje já conta com 24 funcionários. Os desafios que eu considero mais importantes:
- Recriar a cultura de empresa e o espírito empreendedor da Helexia, a mais de 9.000km da sede da empresa em Lille;
- Estabelecer a marca Helexia no mercado brasileiro, onde ainda não temos referencias técnicas;
- Traçar uma estratégia que esteja em linha com a do grupo, mas adaptada às necessidades do mercado brasileiro – que é muito peculiar e tem a sua dinâmica própria
- Executar os nossos primeiros projetos de produção de energia, para assegurar o crescimento dos próximos anos (como é o projeto de produção distribuída com a Telefonica/Vivo, que foi assinado em dezembro de 2020 e cuja construção começou em setembro de 2021).
3. As empresas brasileiras estão sensíveis à transição energética e à descarbonização? quais são os desafios?
Sempre gosto de lembrar para quem não está familiarizado com o mercado nacional, que a matriz elétrica brasileira é uma das mais limpas do mundo, com 80% oriundo de fontes renováveis (incluindo 59% da hidroeletricidade).
Portanto, o Brasil está passando por uma das maiores crises hídricas com os reservatórios no menor nível dos últimos 100 anos. Isso tem encarecido muito o preço da energia, levantando o espectro de um possível racionamento energético por parte do governo, e aumentado a preocupação das empresas sobre o fornecimento futuro.
Neste contexto, as empresas estão muito sensíveis ao tema da transição energética de forma geral, e da eficiência energética de forma mais específica. Mas ainda precisamos demonstrar como a transição pode trazer vantagens práticas e imediatas.
4. Na tua opinião as empresas brasileiras estão cientes das vantagens da eficiência energética e da gestão de energia?
As empresas brasileiras entendem bem dos benefícios da eficiência energética. Porém, é preciso articular a nossa estratégia comercial de forma muito específica, em duas vertentes complementares: tornar o custo da energia mais barato (através da produção local de energia de fonte solar, como é o caso do nosso projeto para a Telefonica / Vivo) e diminuir o consumo de energia (através do retrofit de equipamentos antigos e pouco eficientes por exemplo).
Neste sentido, o nosso principal argumento – a energia mais barata é aquela que não foi consumida – fica sempre marcado na mente dos nossos clientes!
5. Como estabeleces um equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal?
Neste momento de construção da empresa, devo confessar que isso tem sido um desafio constante. São poucos os momentos em que a Helexia sai da minha mente!
Portanto, preso para manter na Helexia Brasil um ambiente de trabalho muito colaborativo, onde todos ajudam uns aos outros. Assim, como uma equipa, sempre respeitamos o tempo de cada um na sua vida pessoal.
6. Que atividades ou hobbies gostas de praticar?
Tenho a sorte de morar em uma cidade maravilhosa, abençoada por Deus e bonita por natureza! A cidade de Rio não oferece apenas rios e praia, mas também montanhas e florestas. Aqui as atividades desportivas não faltam! Eu, particularmente, gosto de caminhar na floresta da Tijuca – a maior floresta urbana do mundo-; as vistas são deslumbrantes e oferecem uma paz de espírito necessária para escapar da agitação da cidade. Também gosto dos eventos culturais – como rodas tradicionais de samba – do bairro boémio da Lapa, que fica do lado do nosso escritório no Rio.
7. Que conselhos gostavas de deixar para quem está a iniciar uma carreira na Helexia?
Olhe para as coisas e pergunte-se sempre sobre o porquê delas, como um eterno aprendiz. Eis o verdadeiro olhar do empreendedor, que quer e deve fazer as coisas de uma forma diferente e inovadora.
Nunca se esqueça que estamos todos trabalhando, não por objetivos próprios, mas em prol de um projeto comum – onde temos que atuar de forma solidaria – e de um objetivo maior: tornar a transição energética uma realidade para as empresas.