A Helexia organiza no dia 8 de março às 10h, Dia Internacional das Mulheres, o evento online “Mulheres com Energia” que se dedica a destacar a liderança no feminino em Portugal. O evento terá transmissão Live nas plataformas Linkedin e Youtube. Teremos Carmen Lima como moderadora convidada, a quem fizemos a seguinte entrevista para a conhecermos melhor.
Carmen, como nos descreve o seu percurso profissional?
Ao longo destes últimos 22 anos, tenho conseguido trabalhar e acompanhar os principais atores no processo da gestão de resíduos, desde um operador de gestão de resíduos ao produtor dos resíduos, como consultora para a área de gestão ambiental e resíduos até por fim como ativista ambiental, sempre numa perspetiva da procura da sustentabilidade. O gosto pela construção levou-me a procurar evoluir. Assim especializei-me em planeamento e construção sustentável, onde procurei sempre a relação desta abordagem com a área de trabalho que acompanhava – os resíduos. A sensibilidade aos aspetos relacionados com a saúde foi sempre uma preocupação que me caracterizou. Os efeitos e as características dos materiais e dos resíduos sempre me despertou muita curiosidade. Foi desde cedo que esta curiosidade se focou com maior incidência no tema do amianto, não só a nível académico (logo na licenciatura), como em termos profissionais, com a necessidade de apresentar planos para a descontaminação de edifícios e gestão de resíduos contendo amianto. Mais tarde a intervenção foi numa perspetiva de intervenção social. A curiosidade manteve-se o que levou-me a querer investigar sobre o tema, avançando para um doutoramento.
O que lhe dá mais energia no seu dia a dia?
Tenho a vantagem de trabalhar a área que gosto e de desenvolver uma atividade profissional que me motiva muito. E quando trabalhamos no que gostamos não parece “trabalho”. Motiva-me sentir que o meu trabalho poderá afetar positivamente a vida dos outros, e contribuir para uma sociedade melhor. Isso dá-me muita energia e alimenta o meu caminho que, apesar de muitas vezes ter contrariedades, nunca são suficientes para fazer-me desistir.
Na sua opinião, quais são os grandes desafios das próximas gerações?
As próximas gerações têm uma motivação e uma energia que nos fascina e nos dá muita esperança. Têm um Planeta cheio de problemas ambientais e sociais para resolver, desigualdades fraturantes que serão um grande desafio, transições a acontecer, bem como a possibilidade de surgirem refugiados climáticos, para os quais o Mundo ainda não está preparado.
Acredito que as mulheres terão um papel muito importante, a sua sensibilidade poderá ser a chave para resolver muitos destes problemas, num momento em que a própria sociedade vai mostrando sinais preocupantes.
Mencione-nos um filme ou livro que a tenha inspirado.
Filme: À procura da felicidade, com Will Smith | Livro: Vai aonde te leva o coração, de Susanna Tamaro
Que outras mulheres inspiraram o seu percurso e porquê?
Na realidade eu vou-me inspirando ao longo da vida. Tenho na minha vida pessoas que admiro muito, pela coragem e pela força de vontade que guiaram a sua vida, pelo exemplo de independência e trabalho – as minhas duas avós.
Depois tenho mulheres que admiro muito e que me dão força para seguir os meus objetivos, como por exemplo Fernanda Giannasi, ativista Brasileira, que tem dedicado sua vida à luta anti-amianto.
Há mulheres que me vão inspirando quer momentaneamente, quer durante o meu percurso, mas mais do que me inspirar, transmitem-me a “energia” de querer fazer mais e melhor.
Que característica acha indispensável em qualquer liderança e porquê?
Para mim uma liderança terá que ser marcada pela humildade, empatia, reconhecimento e valorização dos outros, que assuma as responsabilidades e que saiba delegar nos outros.
Qual o papel da sociedade civil e ONGs no desenvolvimento de uma sociedade mais alinhada com um modelo sustentável?
A sociedade civil e as ONG são a voz ativa da sociedade, pelo que têm a responsabilidade de pressionar a tomada de posições políticas que promovam uma vida mais sustentável, bem como sensibilizar no âmbito da promoção de práticas de vida mais saudáveis do ponto de vista ambiental e de saúde.
É importante que a população participe mais e se organize desta forma para conseguir influenciar melhor uma sociedade mais sustentável.