Estivemos à conversa com Eng.º Alberto Henrique, Administrador com pelouro da área industrial da Dominó Cerâmicas, que nos abriu as portas desta fábrica e nos explicou como se tem desenvolvido o caminho de transição energética desta empresa.
A Dominó
A Dominó é uma empresa de cerâmicas situada em Condeixa-a-Nova que comercializa pavimentos e revestimentos cerâmicos utilizados nos mais diversos espaços, sejam eles residenciais, comerciais e unidades hoteleiras ou espaços exteriores. Para a Dominó, a grande aposta no design dos seus produtos é o que torna esta empresa única e inovadora, levando-a a exportar cerca de 50% da sua produção que pode ser encontrada hoje em mais de 50 países, sendo a europa ocidental o seu mercado mais importante.
A central fotovoltaica
Nos últimos anos a Dominó como empresa consumidora intensiva de energia tem demonstrado a sua preocupação em implementar uma série de medidas energéticas para baixar os seus custos energéticos, que representam cerca de 15% dos seus custos totais, e para reduzir a sua pegada ambiental que representa hoje um custo acrescido às empresas.
É no seguimento desta preocupação e da aplicação de diversas medidas de eficiência energética que a Dominó inicia a sua parceria com a Helexia através da instalação de uma central solar fotovoltaica com cerca de 3000 painéis solares, com uma potência total de 1 MWp e capacidade para produzir 1353 MWh de energia anualmente. Esta central oferece uma resposta prática à Dominó através da redução da sua fatura energética e de 609 toneladas de CO2 anualmente, o equivalente a plantar 15600 árvores por ano.
Este projeto, para além das vantagens económicas e ecológicas referidas tem ainda uma terceira grande vantagem pela diminuição de riscos para saúde pública, através da substituição da cobertura em fibrocimento (material que contém amianto) em toda a área da instalação da central fotovoltaica.
Outras medidas energéticas
Em 2020 a Helexia realizou uma auditoria energética às instalações da Dominó e aos seus sistemas energéticos, com o intuito de determinar possíveis economias de energia numa ótica de eficiência energética, redução da fatura de energia, para melhoria do desempenho energético da instalação e diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
Com base nos ensaios realizados e análise de dados globais, foram identificadas 12 importantes medidas de racionalização de energia, como a instalação de um sistema fotovoltaico, deteção e eliminação de fugas do sistema de ar comprimido, instalação de um sistema de monitorização de consumo elétricos, entre outras. A central fotovoltaica foi uma das medidas aplicadas pela Dominó através da parceria com a Helexia como visto anteriormente.
Ainda antes da Auditoria Energética da Helexia, a Dominó ao longo da última década tem investido em medidas para a redução do consumo energético com o grande objetivo de se tornar mais competitiva através da redução da fatura energética. A preocupação das empresas com a redução das emissões de gases com efeito de estufa tem também vindo a crescer e várias são as razões identificadas. A crescente responsabilidade ambiental das organizações, a nova taxa de carbono atribuída e até o aumento do valor das licenças de emissões de gases com efeito de estufa tornam hoje a gestão da energia nas empresas uma necessidade.
Neste sentido, a Dominó tem vindo a implementar vários projetos de eficiência energética onde se podem destacar os queimadores de alta eficiência dos fornos de cozedura, o que levou a uma redução acentuada do uso de gás natural – combustível fóssil – necessário no processo de cozedura das cerâmicas.
A introdução de variadores eletrónicos de velocidade (VEVs) trouxe também uma economia de energia a diferentes processos. Os VEVs têm o papel de controlar continuamente a velocidade dos motores de indução de equipamentos, como ventiladores ou moinhos de pasta de cerâmica (do processo de moagem da Dominó). A otimização deste processo originou uma redução de 25% dos ciclos de moagem.
Outro processo industrial que merece uma grande atenção da parte da indústria, é o sistema de ar comprimido. Em Portugal mais de 10% da energia elétrica consumida numa indústria é utilizada em ar comprimido. Como tal, a Dominó instalou um novo compressor de velocidade variável para produção de ar comprimido que trouxe à empresa uma poupança significativa.
Todos os processos fabris bem como os negócios na zona dos escritórios acontecem apenas com o fornecimento das condições adequadas de iluminação, e neste processo, a Dominó substituiu toda a anterior iluminação da fábrica e serviços administrativos por iluminação eficiente, reduzindo assim os consumos de iluminação em 60%.
Outras medidas ambientais
A par com todas as medidas energéticas implementadas pela Dominó na última década, outras são as medidas ambientais e de sustentabilidade que esta empresa tem aplicado. Em 2013, a Dominó Cerâmicas adquiriu o certificado da norma ISO 14001. Esta norma de gestão ambiental tem permitido uma melhoria contínua nos diferentes processos da Dominó, encaminhando e tratando devidamente os resíduos produzidos.
Nos processos de produção fabris, quando existem eventuais desperdícios de pasta de cerâmica pré e pós cozida, a Dominó encaminha-os de diferentes formas. Os desperdícios dos processos com pasta de cerâmica não cozida são reintroduzidos no processo de moagem e entram novamente no processo de produção e os desperdícios da cerâmica já cozida, são encaminhados para valorização noutros processos externos à Dominó.
Através desta valorização dos desperdícios da pasta de cerâmica, a Dominó está também a desenvolver anualmente séries de produto de alta qualidade técnica e gráfica, com esmaltes reciclados, recolhidos dos desperdícios do processo, trazendo uma reutilização e criação de produto com valor acrescentado.
São ainda devidamente tratados pela Dominó os efluentes líquidos, reciclados internamente sem descargas para o exterior, bem como toda a monitorização contínua dos efluentes gasosos com um bom desempenho alcançado.